Cidade usa cobras plásticas para afugentar pássaros

quarta-feira, novembro 21, 2007

Phil Mercer

21/11/2007
10h42 (13h42 GMT)

Cobras de plástico estão sendo usadas para tentar afungentar dezenas de milhares de pássaros que invadiram uma pequena cidade na Austrália.

As aves, conhecidas popularmente como estorninhos, são de uma espécie européia caracterizada por um bico reto e delgado, cauda curta e quadrada e plumagem negra ou escura.

As autoridades em Tamworth - situada 420 km ao norte de Sydney - usaram, sem sucesso, canhões de água e redes para tentar espantar os pássaros.

Elas esperam, agora, que as cobras de plástico coloridas consigam pôr fim a meses de luta.

Tamworth é a sede do festival de música country mais famoso da Austrália.

Milhares de estorninhos se instalaram na cidade, atraídos por árvores que ladeiam uma das ruas principais.

O prefeito de Tamworth diz que os excrementos de cheiro desagradável tornaram-se um problema sério.

Deixe seu carro sob uma das árvores por uma hora quando for às compras, disse o prefeito, e você provavelmente não o reconhecerá quando voltar.

A última arma na luta entre homens e pássaros são cobras plásticas de cores rosa, laranja, verde e preto, que estão sendo amarradas aos galhos das árvores.

As autoridades acreditam que haja boas chances de que os estorninhos sejam afugentados.

Não que existam fortes evidências científicas nesse sentido, mas a situação está ficando claramente desesperadora.

Além dos canhões de água e redes, também foram usados luzes pisca-pisca e sons emitidos por alto-falantes.

Se as cobras falsas não funcionarem, já há sugestões de que os visitantes possam ser convencidos a mudar de paisagem se as árvores forem cobertas com redes de algodão ou se for usada uma neblina artificial para desorientar as aves.

Ainda não há planos de trazer atiradores com boa pontaria para dar conta do recado.

Perdão, mas você não conhece Brasília

quarta-feira, novembro 07, 2007

Se você só conhece Brasília pelo que lê, vê ou ouve na mídia, você não conhece Brasília. É o que diz Fernando Brettas, ao explicar a campanha que será lançada hoje para mudar a imagem que a maioria dos brasileiros faz da capital federal:



A indignação de Brasília


Fernando Brettas *

Mensalão, corrupção, sanguessugas, vampiros, CPIs, caos aéreo, leite adulterado, propinas, lobistas bancando despesas de autoridades, toma-lá-dá-cá como espinha dorsal da relação Executivo-Legislativo, Conselho de Ética (sic), Justiça que concede liberdade a criminosos e colabora indiretamente para a impunidade, dengue, superfaturamento de obras, greves do serviço público, valerioduto...

Esses assuntos foram coletados ao longo de apenas uma semana de leitura de sites e também de jornais e revistas de circulação nacional. Em comum entre eles, o fato de todas as matérias trazerem a palavra “Brasília”.

Menos de 5% da população brasileira já visitou a capital federal. Ou seja, mais de 90% dos brasileiros só conhecem a Brasília retratada pelos meios de comunicação, que trazem diariamente notícias como as mencionadas acima, induzindo a opinião pública a formar uma imagem negativa da cidade. A julgar pelo noticiário, o brasileiro não tem nenhum motivo para se orgulhar da capital de seu país.

Poucos se dão conta de que Brasília não é a culpada pelas mazelas que nela se praticam. A cidade foi criada para abrigar o núcleo político-administrativo nacional, representando um conjunto do que é o Brasil, seus representantes, diferentes sotaques, manifestações culturais e de pensamento. Se esse núcleo apresenta imperfeições, em nada contribui para isso o local em que se situa. Tanto que quando esteve alojado no Rio de Janeiro ou na Bahia, seu desempenho foi eivado de ocorrências tão questionáveis e lamentáveis como as de hoje. Ou alguém é ingênuo a ponto de imaginar que a corrupção e outros desvios no serviço público começaram no país em abril de 1960, com a inauguração de Brasília?

Na verdade, “o conjunto do que é o Brasil”, aí incluído o elenco de parlamentares que os eleitores de todas as partes do país mandam para cá, é que desagrada aos brasileiros. Não a cidade de Brasília, que, em 47 anos, cresceu e se desenvolveu e é uma das melhores para se viver no Brasil. Uma cidade que reúne uma maioria de pessoas honestas, trabalhadoras e também indignadas ao verem manchada a imagem da sua terra, da “capital de todos os brasileiros”. Claro que ela tem seus defeitos, tem seus corruptos, mas isso todas as cidades os têm. Só que Brasília paga um preço mais alto por ser a capital federal.

A cidade carrega o estigma de dar guarida à roubalheira, às mazelas, às maracutaias, e os brasilienses – as gerações que aqui nasceram e os originários de outras regiões que constituíram família e desenvolveram suas carreiras profissionais neste pedaço do Brasil – acabam sendo co-responsabilizados pelos demais brasileiros.

É muito comum serem chamados de “marajás”, de “lobistas” (no mau sentido da palavra) ou serem questionados jocosamente sobre seu possível envolvimento em cada novo caso de corrupção revelado, além de ouvirem outros comentários desabonadores. São vítimas desse preconceito os padeiros, os jornalistas, os executivos, os pequenos empresários, enfim, um grande número de profissionais e cidadãos que, muitas vezes, não mantêm nenhuma relação direta ou indireta com o poder. Apenas vivem na cidade, ao contrário de muitos protagonistas de escândalos, que usam a capital como palco para suas negociatas, mas têm residência fixa em outros locais. Basta ver o exemplo de políticos mensaleiros, ora processados no Supremo Tribunal Federal, reeleitos com a benção dos mesmos brasileiros que atribuem a Brasília a raiz dos problemas nacionais.

Recuperar e valorizar a imagem do “conjunto do que é o Brasil” é o que os brasilienses pretendem com a mobilização da sociedade civil que será iniciada neste 7 de novembro, sem interferência de políticos ou entes governamentais. A campanha Brasília, meu amor é inspirada no movimento semelhante I love New York, que estabeleceu um marco na história daquela metrópole. Guarda algumas semelhanças com o projeto norte-americano, mas extrapola iniciativas como o Cansei e outros movimentos liderados pela população insatisfeita com esta ou aquela questão. Nossa campanha não se restringe a um período de duração, nem está orientada para a realização de protestos. Pelo contrário, quer trazer à tona discussões sobre o que é preciso fazer para a capital brasileira ser mais respeitada no contexto nacional.

Reside aí a grande força da campanha, que poderá gerar uma onda positiva para o Brasil. Ao mexer diretamente com conceitos que também vão despertar o patriotismo, queremos aflorar no brasileiro um sentimento mais intenso: que ele passe a enxergar com melhores olhos não apenas a capital, mas seu país como um todo. Por isso, os organizadores de Brasília, meu amor – entidades que representam setores produtivos – esperam contagiar outras cidades a fazerem o mesmo: promoverem manifestações, discutirem o futuro de suas regiões, identificarem o que está errado e proporem soluções, além de pressionarem os dirigentes públicos a tomarem atitudes que atendam aos anseios populares. Tanto é assim que a campanha terá sua fase inicial restrita a Brasília, mas, em seguida, ganhará espaço nas demais regiões. A indignação dos brasilienses pretende se transformar em motivo de orgulho de todos os brasileiros.

* Fernando Brettas, 45 anos, é presidente do Sindicato das Agências de Propaganda do Distrito Federal (Sinapro/DF) e um dos coordenadores da campanha “Brasília, meu amor”.