A volta

terça-feira, outubro 04, 2005

Voltei. Seria apenas uma semana, que transformei em quase 15 dias. Juiz de Fora tem poderes especiais sobre mim. Aquela cidade tem o dom de me fazer refletir, de me dar as respostas, de clarear a minha mente e de curar as minhas feridas. Talvez porque lá eu esteja longe dos problemas (apesar deles ainda existirem). Talvez porque lá eu me dê tempo para pensar neles com calma. Talvez porque minha casa lá esteja repleta de boas energias (minha família está sempre de bom astral). Talvez, talvez...

Nas primeiras noites eu ainda chorava. Colocava o Vítor para dormir, pegava um cobertor (fez um frio de rachar!), ia para o banquinho (sempre fico em um quarto no andar de cima, que dá para um terraço) e olhava a cidade. As lágrimas não paravam de correr! "Como eu vou pagar as minhas contas este mês?", "O que eu fiz de tão errado para não conseguir um emprego?", "Quando vou conseguir colocar tudo no lugar??". Até que resolvi que me preocupar com isto não iria me trazer um emprego e nem pagar minhas contas. E resolvi que me preocuparia com isso quando voltasse. Enquanto estivesse lá, aproveitaria.

Mas as outras questões vieram à minha mente também. Meu coração andava em desalinho e eu não tinha a resposta para colocar as coisas no lugar. Se eu o amo? Sim, eu o amo. O amo e tenho certeza de que sou correspondida à altura. Não é ausência de amor que confunde a minha cabeça e sim tantas e tantas diferenças entre nós. As vezes é como se fossemos o oposto um do outro. E ao mesmo tempo somos tão iguais... Não entendeu? Nem eu consigo... Eu amo o mar, barcos, frutos do mar, acampar, samba e não dou tanta importância ao dinheiro. Ele nunca entrou em um barco, odeia tudo que vem do mar, gosta de rock, nunca entrou em uma cachoeira e é a única pessoa que eu conheço que termina o mês com dinheiro no banco. Esse é mesmo o Príncipe Encantado que eu estava esperando???
Só que o Príncipe soube utilizar seus poderes especiais para me conquistar. Primeiro, ele enfeitiçou o meu filho (um excelente atalho para alcançar o coração da mãe). Depois, soube como ninguém ser amigo nas horas mais árduas da minha caminhada, usando até de uma magia desconhecida para destravar meu coração e conseguir desabafos nunca antes revelados (o que me trouxe muita paz...). E, pouco a pouco, foi mostrando todas as suas qualidades. As diferenças ainda me preocupam e ainda trazem algumas turbulências. Mas pensar com calma sobre tudo isso me fez ver melhor o caminho que estou trilhando.
Espero ser mais hábil daqui para a frente, para pilotar melhor durante as turbulências. Juiz de Fora me trouxe a serenidade e a força que eu estava precisando para atravessar esta e outras dificuldades. Minha família me trouxe, mais uma vez, a certeza de que sou amada e querida. Meu filho me trouxe a alegria da vida, o sorriso franco, a possibilidade de rir mesmo nos momentos mais difíceis. E o Gustavo em trouxe o companheirismo, o carinho, a ternura e me fez ver que não estou sozinha na caminhada. Ele me deu a mão, compreendeu meus medos, receios e desequilíbrios. Me abraçou e me fez sentir segura. Agora é recomeçar a caminhada de onde parei, há quinze dias atrás...

0 comentários: