Uma palavrinha sobre um jeito diferente de ser mãe

terça-feira, abril 11, 2006

Dizem que uma árvore não pode ajudar outra árvore a crescer. Esse ditado tem lá sua validade, quando pensamos que, por mais que ensinemos os caminhos, não dá pra evitar os tropeços e a dor. De qualquer modo, gosto de lembrar que saber que você não é a única pessoa a passar por dificuldades e entrar em contato com pessoas que estão passando ou já passaram pelos mesmos problemas que você é sempre muito consolador.

Ser mãe é uma benção, mas também um choque, principalmente no início. Ser mãe solteira é experimentar esta sensação multiplicada por dez, como se o choque fosse de uma rede de alta tensão. Não interessa se a mulher era casada, namorava ou se tinha um relacionamento casual. O que interessa é que, naquele momento, ela está sozinha para assumir (ou não) um bebê. E isso nunca é uma decisão fácil.

Enganam-se aqueles que acham que as mulheres que decidem abortar por achar que não têm estrutura para assumir um filho estão tomando o caminho mais fácil. Apesar de nunca ter passado pela situação, acredito que talvez esta seja a decisão mais difícil. Porque apesar de saber que existem algumas pessoas que convivem bem com isso pelo resto da vida, o que tenho visto por aí são mulheres que ficaram com isso gravado em sua alma, como um marco, algo que nunca será esquecido - uma lembrança triste e dolorosa.

Eu tenho um site chamado Gravidez Independente, que fiz quando descobri que assumir um filho sozinha é algo muito comum, mas pouco comentado. E que, assim como eu precisei, muitas mulheres também buscam na internet a experiência de quem já passou e está passando por isso, um pouco de solidariedade e consolo.

Um dos últimos e-mail que recebi foi de uma internauta que visitou o site e me escreveu, contando de uma situação difícil pela qual está passando. De acordo com ela, ler o depoimento de outras mulheres fez com que ela se acalmasse, ajudando-a a ter tranquilidade para entender a situação.

Pouco posso falar sobre isso, já que não sou profissional do assunto. Tudo o que falo vem da experiência de tudo o que passei, coisas que divido com prazer, principalmente quando sei que podem acalentar outros corações doloridos, que estão sentindo o que eu senti. E sei que posso dizer com toda certeza: passei por momentos difíceis e dolorosos, mas nada disso foi o mais importante. Com o tempo, a mágoa vai passando, o coração vai sendo curado e a gente acaba não esquecendo, mas deixando as lembranças mais tristes para trás.

A sensação mais forte, a que persiste o tempo todo é a alegria de presenciar diariamente um milagre. Porque acompanhar o crescimento de uma criança, amá-la, sentir o seu amor, aquecer-se com seus sorrisos e derreter-se com suas lágrimas - isso é um verdadeiro milagre. E para isso não importa se você tem ou não um marido para te apoiar. É o tipo de coisa que, sozinha, empurra sua vida e dá a ela novo sentido. Para mim, é a essência da vida (da minha, pelo menos).

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